• Filosofia existencialista => Sem cunho social. Preocupa-se com o ser humano enquanto indivíduo propriamente dito e abordará temas como angústia, liberdade e felicidade.
• Principais filósofos existencialistas: Martin Heidegger, Karl Jaspers, Gabriel Marcel e Jean Paul Sartre.
Jean-Paul Sartre:
∗ “A existência precede a essência”.
- Ateísmo de Sartre: De acordo com o pensamento religioso, nascemos da vontade divina e, portanto, seríamos pré-determinados a seguir um propósito; teríamos, desde sempre, uma essência, pois sempre existimos na consciência divina. Sartre tira o peso da existência dos ombros de Deus e o coloca sobre os ombros do homem. Quando nascemos, somos pura existência. Nosso nascimento é o marco zero. A partir daí, o homem é tutor do próprio destino e o único responsável por seus atos.
∗ Liberdade sartreana: A liberdade, para Sartre, representa a possibilidade de escolha. Só alcançamos a liberdade plena quando assumimos a autonomia de todas as escolhas de nossa vida, que devem ser benéficas tanto para nós quanto para outrem. Somos os únicos propulsores de todo o nosso êxito e os únicos culpados por todo o nosso fracasso.
- “Estamos condenados a ser livres”: Em síntese, estamos condenados porque não escolhemos existir, tampouco nossa condição de ser livre; porém livres, pois uma vez lançados no mundo, somos responsáveis por tudo aquilo que fizermos.
∗ Principal obra de Sartre: “O Ser e o Nada”.
- A característica tipicamente humana é o nada, um “espaço aberto”, aquilo que faz de nós um ente não estático, não compacto, acessível às possibilidades de mudança. Se o ser humano fosse um ser cheio, total, pleno, com uma essência definida, não poderia ter nem consciência nem liberdade.
- Não há uma natureza humana.
- Ser em-si e para-si: o ser em-si representa a plenitude do ser; o ente para-si é o nada, é as possibilidades do ser. Análogos aos conceitos aristotélicos de ato e potência, respectivamente.
∗ Angústia existencial.
- Reconhecendo-se livre, o indivíduo dá-se conta de que encontra-se desamparado, ou seja, sem orientação ou alguma escala de valores universal em que se basear. O homem se angustia porque se vê compelido a fazer a escolha, e fazê-la, por sua vez, implica ser responsável por suas consequências.
Além disso, a escolha não é um ato referente apenas àquilo que o indivíduo quer para si mesmo como valor, mas, sim, uma atribuição ecumênica. Escolhendo, o homem define aquilo que, ao seu ver, deveria ter validade geral. Nossa responsabilidade, por conseguinte, é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade.
∗ Enquanto o indivíduo de boa-fé é aquele que admite a responsabilidade por suas escolhas, o indivíduo de má-fé busca refugiar-se de sua própria liberdade, tentando evitar a angústia da sua condição de ser livre. Nega-se, então, a escolher, deixando que terceiros ou circunstâncias sejam responsáveis por isto.
∗ Críticas a Satre: A principal crítica à Sartre é o fato de que, sem uma razão ou pré-definição da essência do homem e da vida, não haveria uma moral, logo, “tudo seria permitido”.
Esta é, porém, justamente a ideia de Sartre: que tudo seja permitido, e que, por esta liberdade total, o homem saiba escolher o que lhe trará melhores consequências. Por isso, o existencialismo sartreano defende a moral laica, em que os valores humanos existam sem a necessidade de um Deus que os regule; que as escolhas morais não sejam determinadas pelo medo da punição divina, mas pela consciência da responsabilidade do homem.
Exercícios:
1. (Ufsj 2012) Sobre a interferência de Jean-Paul Sartre na filosofia do século XX, é CORRETO afirmar que ele:
a) reconhece a importância de Diderot, Voltaire e Kant e repercute a interferência positiva destes na noção de que cada homem é um exemplo particular no universo.
b) faz a inversão da noção essencialista ao apregoar que o Homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo e só após isso se define. Assim, não há natureza humana, pois não há Deus para concebê-la.
c) inaugura uma nova ordem político-social, segundo a qual o Homem nada mais é do que um projeto que se lança numa natureza essencialmente humana.
d) diz que ser ateu é mais coerente apesar de reconhecer no Homem uma virtu que o filia, definitivamente, a uma consciência a priori infinita.
2. (Ufsj 2012) “Subjetividade” e “intersubjetividade” são conceitos com os quais Sartre pontua o seu existencialismo. Nesse contexto, tais conceitos revelam que:
a) o cogito cartesiano desabou sobre o existencialismo na mesma proporção com que a virtu socrática precipitou-se sobre o materialismo dialético do século XX.
b) “Penso, logo existo” deve ser o ponto de partida de qualquer filosofia. Tal subjetividade faz com que o Homem não seja visto como objeto, o que lhe confere verdadeira dignidade. A descoberta de si mesmo o leva, necessariamente, à descoberta do outro, implicando uma intersubjetividade.
c) o Homem é dado, é unidade, é união e é intersubjetividade; portanto, a sua existência é agregadora e desapegada da tão apregoada subjetividade clássica, por isso mesmo tão crucial para Sartre.
d) não há um só lampejo de subjetividade que não tenha se reinaugurado na intersubjetividade, isto é, na idealidade que instrui as prerrogativas para se instalarem as escolhas do sujeito, definindo-o.
3. (Ufsj 2012) A angústia, para Jean-Paul Sartre, é:
a) tudo o que a influência de Shopenhauer determina em Sartre: a certeza da morte. O Homem pode ser livre para fazer suas escolhas, mas não tem como se livrar da decrepitude e do fim.
b) a nadificação de nossos projetos e a certeza de que a relação Homem X natureza humana é circunstancial, objetiva, e pode ser superada pelo simples ato de se fazer uma escolha.
c) a certificação de que toda a experiência humana é idealmente sensorial, objetivamente existencial e determinante para a vida e para a morte do Homem em si mesmo e em sua humanidade.
d) consequência da responsabilidade que o Homem tem sobre aquilo que ele é, sobre a sua liberdade, sobre as escolhas que faz, tanto de si como do outro e da humanidade, por extensão.
Gabarito:
1. B;
2. B;
3. D.
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